H. pylori em 2020: reflexões sobre a infecção mais comum da humanidade.
O Helicobacter Pylori é uma das doenças infecciosas mais comuns da humanidade e a bacteriana crônica mais comum. Essa bactéria tem um grande potencial de sobreviver no estômago e inflamar a mucosa, podendo interagir com a microbiota intestinal e outras doenças. Para elucidar sobre esse tema é importante destacarmos alguns pontos principais.
Por que devemos tratar o H. Pylori?
O H. pylori é um agente carcinogênico, considerado como tipo 1 pela Organização Mundial de Saúde e principal causador do câncer de estômago. É também relacionado com a gastrite atrófica, úlceras, linfoma MALT (um tipo de linfoma do estômago) e com sintomas dispépticos em um grupo particular de pacientes.
Importante ressaltar que apesar do risco aumentado de câncer de estômago nos pacientes infectados pela bactéria H. pylori, isto não ocorrerá na maioria deles. A infecção é altamente prevalente, com estimativas de infecção em mais de 40% da população, mas somente uma minoria evoluindo para câncer de estômago.
É necessário saber que todos os pacientes com H. pylori confirmado através do exame histológico, sendo esse o padrão ouro para o diagnóstico, deverão ser sempre tratados!
E quais são as indicações para pesquisar a infecção pelo H. pylori?
-Dispepsia
-Doença ulcerosa péptica
-Neoplasia de estômago
-Gastrite Atrófica
-Pacientes com Anemia Ferropriva de etiologia obscura
-Portadores de Púrpura Trombocitopenica Autoimune
-Linfoma Malt
-Pacientes com programação de uso de anti inflamatórios como aspirina (AAS) por tempo prolongado devido risco de úlceras e sangramentos
Existe uma crescente resistência dessa bactéria aos antimicrobianos empregados no tratamento e por isso é necessário uso de esquemas contendo pelo menos 2 antibióticos e prazol com tempo de tratamento de 2 semanas para otimizar a chance de erradicação.
O tratamento de primeira escolha é prazol (pode ser qualquer um) + amoxicillina 1000 mg + Claritromicina 500 mg 12/12 horas durante 14 dias.
Em pacientes alérgicos a penicilina podemos usar esquemas alternativos como: Prazol (pode ser qualquer um) + Claritromicina 500 mg + levofloxacina 500 mg durante 14 dias
Os principais efeitos colaterais são: diarréia, náuseas, vômitos ou plenitude pós prandial.
Podemos minimizar os efeitos colaterais utilizando antieméticos, administração com alimentos e probióticos.
Lembrar que a confirmação da erradicação da bactéria é fundamental!